Leiturize-se

Annelise Toder é filha de Alfred e Glória Toder e irmã gêmea de Elissa. Aparentemente uma garota normal. São de descendência metade brasileira e metade austríaca. Vive com sua família nos cânions onde os pais são donos de um hotel e recebem muitos hóspedes. Os pais mandam a garota para Viena para estudar e quando chegasse o natal ela poderia escolher seu destino, o que faria a seguir, porém a viagem de férias durou apenas quatro semanas quando Anne descobre que seus pais sofreram um terrível acidente e não vê a hora de retornar ao Brasil para saber como eles estão, mas antes que consiga realizar tal ato é interceptada por Hans, que é um amigo de confiança da família na qual depois de muito bater o pé volta com o cara pra casa dele com a prerrogativa de que teria todas as informações que desejasse.

Lá Anne conhece Greta, esposa de Hans que a trata como se fosse uma filha e Oliver a quem já conhecia da moradia de alunos em Viena. Eles se mudam para Doppeldorf afim de manter a menina em segurança, para a casa do casal onde é revelado a Anne que ela é uma Anterana, e o planeta, Antera, deixou de existir a mais de quinhentos anos, quando duas estrelas se chocaram contra ele e que agora, ela e sua irmã corriam perigo por serem gêmeas anteranas, fato totalmente raro entre os cidadãos de Antera. 

"Tudo parecia um pesadelo e manter-se acordada era a única fuga para que a realidade não se tornasse ainda pior."

De início a garota fica um pouco descrente com toda essa informação, do porquê os pais esconderiam isso dela e o mais importante porque eles a escolheram pra ir pra lá ao invés de Elissa, a irmã gêmea que queria ganhar o mundo. Mas após ver um vídeo que os pais deixaram para ela falando do planeta e entrar em contato com a irmã e a mesma confirmar inclusive que seus poderes já tinham se manifestado e que provavelmente os pais não estejam mortos, Annelise percebe o quão grave é a situação em que eles se encontram e só há duas famílias importantes que queiram o extermínio das irmãs: Os Larx e os Macker. A menina então começa a busca pelas respostas sobre quem ela é e o possível paradeiro dos pais e para isso contará com a ajuda de seus mais novos amigos: Greta, Hans, Oliver, Emma e Jake.

Ao começar seu treinamento como uma anterana descobre que sua família tem duas das cinco linhagens encontradas no planeta, que são a linhagem dos mestres, pela sua mãe e a linhagem dos guardiões, pelo seu pai. Em meio a tantas informações e descobertas, Hans coloca Oliver responsável de ser guardião da moça como a primeira missão do rapaz. Ele então aciona um de seus poderes de guardião que é se ligar totalmente a quem deve proteger, isso significa que ele tem acesso a todos os sentimentos sentidos por Anne, o que não é nada legal porque ambos se sentem muito desconfortáveis na presença um do outro, é um incômodo muito grande e quase palpável. E como se já não bastasse tantos fatos acontecendo ao mesmo tempo os Macker resolvem entrar em contato com Anne o que deixa Olly muito preocupado com essa aproximação suspeita. Porém, para surpresa de ambos, assim que Anne conhece Sebastian Macker, eles começam a desenvolver laços fortes que deixam o guardião ainda mais tenso e apreensivo mas sem desviar o foco do verdadeiro perigo que não para por aí, afinal os verdadeiros inimigos estão mais próximos do que imaginam e querem tomar o controle de Enda, a ilha que os anteranos decidiram que seria seu novo lar, mas para isso é preciso acionar a pedra de Antera que só brilha com o anterano que tem habilidades de ser rei ou rainha do povo. 

"Ele tinha medo. Medo do que sentia e do que ela poderia descobrir, coisas que não confessava nem para si. Não, não mesmo. Estavam chegando ao mirante, se ele quisesse fugir, era a hora."

Confesso que quando terminei de ler o livro fiquei encarando-o por alguns minutos pensando como eu iria falar sobre ele. A estória é fantástica, do tipo que prende o leitor até o fim para saber o que vai acontecer com Anne e seus amigos. Mas não é só isso, vai muito além de uma simples aventura. Os personagens são muito realísticos e é impossível não ficar apreensiva até o final das páginas.

Annelise me ganhou logo no início, seu jeito calmo, retraído e sério, totalmente diferente da irmã gêmea expansiva. Logo ela começa uma amizade forte com Jake e Emma, que são primos e também anteranos e passa a conviver mais tempo com Oliver que é seu guaridão e que não consegue esconder a perturbação em seus olhos azuis ao ficar próximo da garota.

Olly é um garoto tão sério quanto ela, ele é responsável e super protetor, pode até ser pela linhagem de guardião, mas desde o início sempre senti algo a mais entre eles. Rapidamente o desconforto da parte de Annelise é substituído por um sentimento de segurança, como se o garoto fosse seu porto seguro e todas as vezes em que ela se sente perdida ou ameaçada logo chama por ele. O rapaz, por sua vez, escaneia a menina sempre que pode, para saber o que ela está sentindo e ao menor sinal de medo ou pavor ele larga tudo o que está fazendo e vai ao encontro dela. 

"-- Desculpa -- foi ele quem começou.
-- Pelo quê?
-- Eu falhei e agora você está numa cama de hospital.
-- É claro que não, Oliver! Você estava lá comigo, tirou Jake e ajudou um monte de gente. Para mim, isso nunca vai ser falhar.
-- A minha função é proteger você e agora você tem um rasgo enorme na perna. E poderia ter iso pior, foi sorte não se machucar mais. Um Guardião de verdade não pode contar com a sorte.
-- Ei -- ela levantou o corpo até ficar bem perto do rosto dele --, não faz isso. Eu preciso de você, Oliver. Eu não sei se consigo ir adiante se você não estiver comigo."

Sebastian Macker é um personagem interessante, é cortês, simpático e logo se vê encantado por Anne e então começa fazer suas investidas na moça o que não agrada em nada a Oliver. 

Eu sou suspeita pra falar porque desde o início sempre torci por Olly e a cada cena que acontecia entre os dois, a cada vez que ele se fazia presente enquanto ela estava em perigo, ou pensava que estava, meu coração perdia uma batida esperando que algo a mais fosse acontecer, mas os dois são muito teimosos e sempre deixavam passar. Tive vontade de bater no garoto repetidas vezes para que ele fosse capaz de enxergar algo que estava bem ali a frente dele e não desperdiçar a oportunidade que estava tendo.

Jake e Emma são os melhores amigos que alguém pode ter. Eles tentam ajudar Anne a iniciar seu treinamento para descobrir seus poderes e não desistem mesmo com a dificuldade que a amiga encontra ao manifestar os mesmos. Eles tem seus problemas familiares mas não permitem que isso atrapalhe a missão real. As coisas mudam um pouco quando Elissa, a outra gêmea vai ao encontro de Anne, fazendo com que haja um distanciamento entre Emma e Anne.

"Ele quase a perdera e não conseguia imaginar dor maior. Mias do que falhar em uma missão, não suportaria não ouvir mais sua voz reclamando da presença constante, ficar sem aquele sorriso largo nos poucos momentos de alegria ou não a sentir dentro dele."

O perigo iminente começa a crescer a medida que Annelise conquista seus poderes e  logo uma ameaça real, seguida de atentados, surge onde os amigos tentam protegê-la da melhor forma que conseguem o que só faz tensão crescer como se fosse uma panela de pressão, só aguardando chegar ao ponto certo.

Eu fiquei apaixonada pela estória do início ao fim, é épica, envolvente e marcante. Possui uma leitura tranquila e leve e os finais dos capítulos sempre deixam aquele suspense no ar sobre o que vai acontecer a seguir. Todos os acontecimentos seguem o rumo natural da trama, nada é apressado ou enrolado por assim dizer, a estória acontece de maneira natural, seguindo o curso dos fatos até chegar a uma batalha épica que me deixou apreensiva com a sucessão dos episódios.

O livro é narrado na terceira pessoa, o que traz uma impessoalidade à trama mas que também facilita entender os sentimentos dos personagens e os cenários são facilmente imaginados, pelo menos foi pra mim. Consegui idealizar os locais perfeitamente e como eu disse antes, é impossível não se apaixonar.

"Certas pessoas são como navios que só passam uma vez pelas nossas vidas. Cabe a nós decidir se arriscamos embarcar mesmo sem saber o destino final ou se ficamos na segurança do porto já conhecido."

Confesso que comecei essa resenha com uma certa apreensão porque ela vai ser a última resenha desse ano e então quis fechar com chave de ouro. Fiquei muito ansiosa para escrevê-la logo ao final do livro mas ainda não me dei por convencida de que ela conseguiu expressar exatamente o que eu senti lendo a estória.

Antes de finalizar quero dizer que amei Oliver desde o início do livro, sei que já disse isso antes, mas é que o personagem tem um carisma tão grande que mesmo ele sendo todo sério, não tem como não gostar dele. Aliás, acho que é exatamente isso que me fez gostar ainda mais dele. 

"Anne não queria ouvir e nem ver, mas as palavras de Elissa penetraram mais fundo que o terror dos Larx. Se seu mundo não tivesse mudado, não teria a irmã ao seu lado, nem a amizade de Emma e Jake, ou o carinho de Greta. Nunca saberia que os pais contavam com a lealdade de Hans e Ingrid, nem que o abraço de Oliver era o melhor lugar do mundo, ainda melhor que as perdas dos cânions."

"Não havia outro sentimento para descrever aquele momento a não ser paz. A paz que toma conta de um lar toda a vez que uma família se reencontra."