Livro: Clichê
Autora: Carol Dias
Páginas: 282
Editora: Ler Editorial
Tema: Romance, Chick-lit
Autora: Carol Dias
Páginas: 282
Editora: Ler Editorial
Tema: Romance, Chick-lit
Sinopse: Marina Duarte está no vermelho. Dona de dupla graduação nas melhores faculdades públicas do Rio de Janeiro, seu sonho de construir a vida nos States não está funcionando.
Decidiu se mudar para ficar perto da tia, sua única família, mas a crise não está ajudando em nada sua carreira.
Sem saber como pagar as contas do próximo mês, Marina aceita uma vaga de babá na mansão da família Manning. Ela só não podia imaginar que sua vida mudaria completamente, apenas por conhecer duas crianças e um chefe viúvo e gato, maravilhoso, cheiroso e gostoso , que precisa urgentemente de sua ajuda.
O livro conta a história de Marina, uma jovem formada em música e letras que se muda para os Estados Unidos para ficar próxima de sua tia após a morte do pai. Estando lá, ela começa a tentar erguer sua vida até que perde o emprego e as contas começam a atrasar, então ela resolve pedir ajuda para a tia para conseguir qualquer emprego para pagar as contas e a tia consegue uma entrevista de babá em uma mansão chique onde sua amiga trabalha.
Marina, que estava perdendo as esperanças, fica muito feliz com a entrevista e lá descobre mais sobre as crianças e sobre a perda prematura da mãe e que com isso, os meninos perderam também a alegria e que Dorian, o mais velho, de sete anos, vivia se metendo em confusão na escola enquanto que a irmã Alison, de quatro anos, não sorria mais e não brincava com ninguém. E como se não bastasse, o pai das crianças vivia amargurado com a perda da esposa e se afogava no trabalho.
Quando ela é contratada, logo percebe que precisa fazer alguma coisa para mudar o astral da casa e então surge a ideia de envolver Dorian com a música, que a recebe muito bem como forma de terapia, enquanto que com Ally ainda não tinha descoberto o que fazer para ajudá-la. O que ela não esperava que aconteceria é que mudando a vida das crianças automaticamente estaria mudando a vida dela também.
"Descobri que a vida em si nem sempre é algo chato e maçante, mas é clichê. Tudo é clichê. Todas as situações difíceis que você, eu e o seu vizinho passamos na vida, outras pessoas já passaram. Várias vezes. E o que achamos que era o fim do mundo, não é. Outras pessoas sofreram o mesmo que eu e você, e sobreviveram. Mas, mesmo assim, eu consigo me irritar."
Marina é uma personagem muito engraçada. Logo no início do livro ela já reclama dos clichês que ninguém gosta estarem presentes em sua vida. Diz que mesmo não gostando deles, tenta mudar ou simplesmente aceitar e conviver pacificamente.
Desde o início ela baba, literalmente, pelas crianças e faz de tudo para ajudá-las. Ela dá o seu melhor por elas e não se dá por vencida quando enfrenta algum obstáculo. Nessa parte notei uma semelhança com o filme A Noviça Rebelde (na parte em que ela sai do convento e vai cuidar dos filhos de um homem muito rico, que também perdeu a esposa e passa a se dedicar a fazer a vida das crianças o melhor possível).
Marina é autêntica, é uma personagem bem alto astral, do tipo que não se abala com as críticas. E é uma fofa (posso dizer isso aqui?), Isso mesmo, uma fofa! Assim que conhece as crianças se apaixona perdidamente por elas. Mesmo Dorian não facilitando muito sua vida.
"Era simples. Garotas fracas e sem personalidade se apaixonavam por caras ricos, mesmo que eles fossem tremendos idiotas. Esse clichê era quase um axioma. Agora, quem não se apaixona por caras ricos que não são idiotas, mas verdadeiramente cavalheiros?"
Killian Manning é o pai das crianças, é um empresário que herdou os negócios do pai e desde que a esposa morreu ele se afundou nos negócios de tal maneira que quando sobra tempo, tenta dar um pouco de atenção aos filhos. Apesar desse fato, é um pai dedicado, que quer o melhor para seus filhos. Um homem doce e divertido mas que essa última parte ficou esquecida em algum lugar em seu interior. Kill é encantador, maravilhoso, amável e todas as ideias que Marina tem para alegrar as crianças ele se prontifica de imediato a participar.
Percebemos nos primeiros capítulos que a mansão, embora seja muito luxuosa, paira um ar fúnebre por ela. Não há fotos da esposa, Mitchie, espalhadas pela casa e tem um quarto com a porta pintada de azul, que vive sempre trancado, o que desperta a curiosidade de Marina.
Uma das coisas que eu mais gostei da personagem é que ela deixa claro, o livro inteiro, que não está ali para ocupar o lugar da mãe das crianças. E com esse pensamento altruísta, convence o senhor Manning a falar da esposa com os filhos para que a memória deles permaneçam intacta.
"Sério destino? Eu me desequilibrei e ele teve que me segurar em seus braços?
E você joga uma chuva de química bem nesse momento?
Ele é meu chefe, droga!"
Como é um livro de romance clichê, eles logo se apaixonam, mas Nina tenta repelir o chefe a todo momento, dizendo que não é certo e que são de mundos diferentes, o que não é nem um pouco convincente.
É uma história linda, leve e divertida. Que flui facilmente sem nem perceber as páginas virando. Marina realmente consegue levar alegria para aquela casa e até seu relacionamento com Dorian melhora consideravelmente, isso é, até ela e Killian começarem a se envolver.
Todos os acontecimentos são narrados em primeira pessoa, pelo ponto de vista de Marina e em alguns finais de capítulos temos Killian narrando sobre como era seu relacionamento com Mitchie, como foi o casamento, o nascimento dos filhos e etc. Outra coisa que gostei muito foi a quebra da quarta parede (eu adoro quando isso acontece!!) que a autora nos proporcionou. Marina literalmente conversa com o leitor, ficamos animados com ela e tristes com ela. É uma personagem pura que emana luz.
"O clima mais estranho surgiu entre nós dois subitamente. Todos os planetas do universo se alinharam, a música era somente um sussurro e o ar ficou rarefeito. Nossos olhos se revezavam entre olhar um para o outro e nossos lábios. E, diferente da vez no corredor, seus lábios desceram sobre os meus."
O fato da quebra da quarta parede possibilita o leitor a entender melhor o personagem, seus sentimentos e pensamentos, sua maneira de agir e de reagir a determinadas situações. Eu particularmente gosto quando isso acontece porque possibilita a criação de um vínculo entre leitor e personagem.
É um romance bem leve mesmo, bem água com açúcar, de maneira que o máximo que será lido serão os beijos que Nina troca com Kill. Acho que isso foi bom porque permite alcançar um outro público, aqueles que não gostam de cenas picantes. Poderia dizer que Clichê se parece muito com um conto de fadas.
A escrita da Carol é uma delícia, envolve o leitor completamente em diferentes momentos. Nos levar a rir e ficar com o coração apertado ao mesmo tempo. Ela conduz a história com perfeição e podemos contar com uma riqueza de detalhes nas descrições de cenários e fatos. Consegui me imaginar perfeitamente nos locais. Após finalizar a leitura fiquei ávida para ler outras obras dela.
"Minha vida podia ser um dos maiores clichês do mundo, mas não era um conto de fadas com um príncipe no cavalo branco jurando amor eterno."
Além dos principais, temos outros personagens que são muito importantes também como os irmãos de Killian, que são Seth (fazendeiro casado com Brenda e tem quatro filhos) e Carter (ou Mimado Manning, como a Nina prefere chamar). Além dos próprios pais de Killian.
Outro fato que ri de chorar foram os apelidos que Marina tenta colocar em Carter. Ela tem uma coisa com apelidos que traz uma singularidade a personagem e convenhamos, se vocês conhecerem o irmão mais novo de Killian, vão perceber que Mimado Manning ficou bem a cara dele.
É claro que nem tudo são flores e além dos problemas com Dorian, Nina teve muitos outros pepinos para descascar ao longo da trama, mas isso não a fez perder a compostura e nem a alegria. Nina é uma personagem pura e sem igual, mesmo o livro apontando que haverá muitos clichês.
"A emoção que eu sentia naquele momento... Não conseguia descrevê-la. Ver tudo o que eu sentia refletido nos olhos de Killian deixava meu coração ainda mais acelerado."
Preciso dizer que o projeto gráfico está um arraso, a capa é sensacional e o título está em alto relevo. Cada capítulo começa com coraçõezinhos muito fofos, muito meigos. Esse é o tipo de livro que quando você termina tem vontade de abraçar bem forte (foi o que eu fiz mas vamos deixar isso para lá).
Mesmo sendo um romance, a história destaca a importância de uma mãe na vida de crianças e como elas terão que conviver com a ausência dela. Fala sobre família e também ressalta como devemos educar nossos filhos. Tive momentos de reflexão maravilhosos no virar das páginas.
Por fim, recomendo o livro a todos que apreciam um romance inocente e que mesmo tendo clichês, adoram a sensação que eles nos trazem. Afinal o que seria de nossas vidas sem o bom e doce clichê?